Não custa nada lembrar: passaram-se já duas semanas desde a memorável audiência pública em que a sociedade civil organizada disse não à reativação da Mina del Rey. A empresa limitou-se àquela curtíssima nota que todos conhecemos de cor e salteado: "baixo impacto" e "trezentos postos de trabalho". E calou-se.
Mas calar-se é sempre uma forma de dizer alguma coisa. E o que revela este sinistro silêncio? Ele mostra o grau de desrespeito com que são tratados os cidadãos deste cidade, a imprensa desta cidade, as autoridades desta cidade. Seus caminhões e máquinas continuam a subir e descer para a mina, como se rigorosamente nada tivesse acontecido. A Vale prefere ignorar-nos, agir como se não existíssemos. E toca adiante seus planos. Mariana é invisível para ela.
No entanto, é de se esperar uma palavra, uma palavra que seja da Vale. A ser esta a sua política de "comunicação", a ser esta sua forma de relacionar-se com Mariana, como acreditar que haja um pingo de boa intenção e de verdade naquilo que ela, seus marqueteiros e dirigentes tentam vender à opinião pública?
Na TV, a Vale diz "proteger" a Música Popular Brasileira. Quanto farisaísmo! Todos os grandes artistas da humanidade sempre se inspiraram por duas coisas principais: a natureza e o ser humano. Por nenhuma das duas a Vale tem tido respeito nos últimos anos.
Mas Mariana, que sobre si sente pesar a sombra do gigante, não se curva. E exige um último sinal de dignidade deste gigante voraz: uma palavra de esclarecimento e de consideração à população da primeira cidade de Minas.
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