Na noite desta quinta-feira, dia 27 de outubro de 2011, a Vale promoveu um encontro com o que sua acessoria de imprensa chamou de “lideranças” locais. Embora houvesse vários representantes de associações de bairro, nenhum representante da(s) Igreja(s) foi convidado, mesmo após a claríssima carta pastoral de Dom Geraldo Lyrio Rocha de julho passado, condenando a mineração na área urbana de Mariana. Não havia representantes da prefeitura. Os dois únicos vereadores presentes, Aída e Juliano mostram ser contra a mina. Aída disse que os efeitos negativos da presença da Vale na cidade (principalmente na área da saúde) são maiores que os positivos. Nas palavras textuais de Juliano Duarte, por nós registradas: "sou contra a mineração próxima a áreas populosas". Foi notada a ausência do vereador Geraldo Bambu, até pouco tempo um inimigo declarado da reativação da mina.
Qual o saldo da reunião? Nenhum. Em nenhum momento da longa e monótona apresentação de suas ações em “benefício” da cidade, os representantes da empresa fizeram menção de tratar do assunto que verdadeiramente interessa a todos: a Mina del Rey. Somente depois de questionados pelos presentes, seus diretores se dignaram falar da Mina. Se é que “falar” seja a expressão adequada. O discurso previamente decorado continua o mesmo: “o processo de licitação está andando”, “em 2012 saberemos qual será a empresa vencedora”, “somente então teremos uma ideia”, etc. Admitiram, porém, que os mananciais de água do Complexo do Cristal serão “afetados”.
A Vale continua a subestimar a inteligência da população. E tenta esconder o impacto real que este empreendimento terá sobre a saúde e a qualidade de vida dos que aqui moram. Caso não houvesse impacto (impacto negativo!), não teriam quaisquer razões para esta lamentável política de desinformação.
Resumindo, a reunião da “transparência” não teve rigorosamente nenhuma transparência em relação ao atentado que a Vale pretende perpetrar à qualidade de vida da primeira cidade de Minas, a tricentenária Mariana.
A empresa toca adiante seu projeto, escondendo-se por detrás de frases vazias. Ela nada pode dizer de concreto agora, pois sequer há uma empresa licitada... A Vale nada tem a ver com isso... Não é dela a intenção de minerar em área urbana... Quem deverá responder por quaisquer questionamentos não é ela... Enfim, o que a Vale diz é que ela nada tem a ver com tudo isso. E quem quiser, que acredite. Eis aí o “compromisso”, a “responsabilidade social e ambiental”, a “transparência” da Vale.