segunda-feira, 28 de maio de 2012

Convocatória: atingidos pela VALE de todas as partes do mundo se reunirão na Conferência Rio+20

III Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale

Grito dos Atingidos por Mineração na Rio+20
Rio de Janeiro — de 16 a 21 de junho de 2012

Nós, organizações, sindicatos e movimentos sociais do Brasil,
Canadá, Chile, Argentina, Equador, Colômbia, Peru e Moçambique,
convocamos todos os interessados para um Grito dos Atingidos pela
Mineração, em ocasião do encontro Rio+20, em junho 2012.
Nosso encontro será ocasião para debater os impactos
socioambientais e a acumulação injusta de capital causados pela
mineração, no contexto de um modelo de desenvolvimento global
excludente e insustentável.
A Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável (15 a 22 de junho), será um momento
em que todo o mundo estará voltado para o Rio de Janeiro. Contudo,
a solução para a crise ambiental proposta pela maior parte dos
governos e das grandes corporações envolvidos na Rio +20 é a
ampliação da chamada “economia verde” e a afirmação dos
instrumentos de mercado como remédio para os atuais problemas
sociais e ambientais.
Essas são falsas soluções: procuram tratar as crises atuais
reforçando um modelo de desenvolvimento ultrapassado e que é o
principal responsável pela crise civilizatória que hoje vivenciamos.
Mas a Rio +20 é também oportunidade para continuar
construindo um novo paradigma, um modelo de sociedade baseado
em formas de consumo e produção menos intensivas. Orienta-nos o
paradigma da Justiça Ambiental, pelo qual todos os grupos sociais,
independente de sua origem ou renda, têm direito a tratamento justo
e envolvimento pleno nas decisões sobre o acesso, ocupação e uso
dos recursos naturais em seus territórios.
É essencial, na Rio +20 e em toda ocasião e contexto, escutar
a voz dos atingidos, denunciar e dar visibilidade às contradições do
atual modelo de desenvolvimento e favorecer a articulação em rede
de nossos movimentos sociais.
O setor da mineração é em todo o mundo, atualmente, um dos
principais motores do atual sistema econômico. Após a crise de 2008
e puxado pelo crescimento econômico de países ditos “emergentes”,
o comércio internacional de recursos minerais cresceu
significativamente, acentuando em contrapartida os seus impactos.
As comunidades de nossos diversos países sofrem na pele tudo isso
em seu dia-a-dia: expropriação das populações nativas com a perda
do território, desagregação dos laços de solidariedade da
comunidade, poluição e contaminação de territórios e rios,
exploração de trabalhadores e criminalização dos grupos que ousam
enfrentar as grandes corporações.
Precisamos gritar mais uma vez nosso “Basta!” a todas essas
agressões.
O encontro dos povos em ocasião da Rio +20 será
oportunidade para isso. Pretendemos realizar atividades
autogestionadas pelos atingidos pela mineração; grandes
assembleias dos atingidos (com troca de visões e estratégias entre
os diferentes setores de resistência); ações de visibilidade que
concentrem nosso protesto em volta de empresas ou instituições
símbolo dessas violações.
Um dos grandes ícones do modelo expropriador da
mineração é a empresa Vale, líder mundial na produção de minério
de ferro e segunda maior produtora de níquel, operante em 30 países
do mundo e geradora de um lucro operacional em 2010 de US$ 21,7
bilhões e US$ 3 bilhões em dividendos. Vale é também um dos
grandes entusiastas das soluções de mercado propostas na Rio +20,
sendo membro do Conselho Mundial para Desenvolvimento
Sustentável e um dos grandes investidores nos mecanismos de
mercado de carbono.
A sede dessa companhia está no próprio Rio de Janeiro e,
coincidentemente, no mês de Junho de 2012 a Vale estará
“celebrando” 70 anos de sua existência.
Por esses motivos, consideramos a Vale como um símbolo de
todos os impactos da mineração no mundo e convidamos todos/as os
atingidos/as a visibilizar nosso protesto a partir dessa empresa, nos
dias da Rio +20.
Assim, chamamos as comunidades que atualmente sofrem
com os empreendimentos mineradores, os trabalhadores na cadeia
de mineração e siderurgia, as vítimas das violações da Vale,
movimentos e organizações sociais, pastorais sociais, estudantes e
professores para participar da construção desse debate e encontro.
Quando todos os olhos e ouvidos do mundo estarão voltados
para o Rio de Janeiro, caberá a nós nos fazermos ouvidos. Vamos
mostrar ao mundo a verdadeira cara da mineração e da Vale,
desmascarando os discursos das empresas, suas propagandas e
investimentos falsos de responsabilidade social corporativa!
Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale.

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